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Nossa rápida caminhada até o Mundo de Hoje - PARTE II

Ainda há pouco tempo, as pessoas morriam de doenças infantis, como o sarampo. Que atualmente, sequer tem espaço de respeito nas conversas de família ou amigos, tão pouco importante se tornou.
Atualmente as pessoas se preocupam com o mal de Alzheimer, que meus pais e avós não devem nunca ter ouvido falar. O mal de Alzheimer é uma patologia nova? Provavelmente não. Apenas tornou-se importante com o aumento da expectativa de vida da população como um todo, já que se trata de algo que se manifesta em idades mais avançadas.
E o sarampo? Por que foi esquecido? Porque nossa capacidade técnica e organizacional conseguiu desenvolver vacinas e distribuí-las a ponto de manter essa doença de origem viral e potencialmente letal sob controle.
Passou a ser, uma doença do passado. Dando espaço àquelas do futuro, como o Alzheimer, decorrente da nossa nova realidade. Ironicamente, decorrente da nossa melhor qualidade de vida, que permite maior longevidade da população.
Porém, o vírus causador do sarampo, só foi isolado em 1954 e sua vacina só foi desenvolvida em 1963. No Brasil, em 1980, apenas 30 anos atrás, o sarampo fazia parte de um grupo de doenças denominado imunopreviníveis. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 150.000 pessoas eram atingidas anualmente por esse grupo de doenças, e mais de 5.000 eram os óbitos. Em apenas 20 anos, através da manutenção do programa de vacinações, os casos passaram a pouco mais de 3.000 com apenas 277 óbitos.
O que se pode ver, é que, existe a possibilidade, de o jovem cientista de hoje, empenhado em procurar meios para o controle e a improvável cura do Mal de Alzheimer, para garantir a si e a seus descentes uma melhor qualidade de vida em suas vidas, agora potencialmente mais longevas, tenha sido poupado do perigo do sarampo e seus parceiros (pertencentes ao grupo citado), quando imunizado ainda criança, com aquela, então recente, vacina, na qual se depositavam votos de confiança para a saúde do futuro.
Por essa época, 1980, um pouco antes, um pouco depois, em minha infância e adolescência, costumava ouvir fatos reais sobre primos ou até mesmo irmãos de minha mãe que haviam morrido vitimados por sarampo ou outras doenças infantis, que já a mim não assustavam, apenas traziam a vaga esperança de ficar alguns dias sem ir à escola.
Atualmente, devo concentrar minha atenção é no Alzheimer, pois o que se teme atualmente é a diminuição da qualidade de vida, advinda do fato de nossa capacidade de podermos viver um período de tempo maior, porém sujeitos a doenças crônico-degenerativas, as quais não causam a morte em um primeiro momento, mas uma série de limitações.
Tratam-se das doenças da modernidade, com freqüência agravadas por alguns dos benefícios e confortos dos quais dispomos na atualidade. Tais como o conforto de se locomover de carro para longas e até mesmo curtíssimas distâncias, a disponibilidade ampla e excessivamente farta de alimentos, entre eles o prazer do açúcar. O grande arsenal de drogas lícitas (para o uso em benefício da saúde, mas também abusáveis) e ilícitas. Sem deixar de citar as drogas lícitas recreativas, talvez mais danosas que as ilícitas, tanto para a saúde do indivíduo como da sociedade.
Será que o seu filhinho ou netinho lá na pré-escola (ou já mudaram o nome outra vez?) já ouviu falar no sarampo? Ou aquele algumas séries mais velho, leu sobre isso na internet porque alguém falou?
Só se ele andou de papo com o seu avô, que deve ter contado a ele que teve o sarampo na infância, quando o bisneto (tatara?) veio lhe fazer uma entrevista para um trabalho de ciências que criou baseado em uma doença que sabe estar muito em alta entre os idosos: esse tal de Alzheimer.
- E o vô disse que nem sabia quem era esse cara!
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Nossa rápida caminhada até o Mundo de Hoje - PARTE I

A atualidade nos trás muitas coisas novas em termos de conhecimentos e tecnologia. O que torna nossas vidas mais confortáveis e interessantes, mas também causa o aparecimento dos problemas devidos à modernidade. Tais como crimes que envolvem a internet, doenças e transtornos ligados aos hábitos de nossos dias.
Junto a isso, um novo tipo de segregação social, aquele que separa as pessoas que puderam adquirir bases para apreender as exigências, bastante recentes, que se impõem à pessoa comum,  como a manipulação dos produtos do conhecimento tecnológico.
Nem que seja aquele de saber apertar teclas em aparelhos. Pois, na verdade, não se trata somente disso. Trata-se de saber da existência do aparelho, para que ele serve, como ele funciona, de que maneira utilizá-lo. Observando atentamente, uma grande quantidade de informações está envolvida em algo aparentemente simples.
Pois, se para nós que estamos nesse momento escrevendo ou lendo utilizando como veículo nossos computadores pessoais, isso parece natural e sempre presente, sugiro observar as agências bancárias, por exemplo, para que lembremos que esse é ainda um mundo restrito a não muitas pessoas, apesar de estar definitivamente instalado em nosso cotidiano.
Pode-se ver pessoas que, de uma hora para outra, têm de aprender a utilizar aparelhos para emitir senhas para que sejam atendidos, utilizar os caixas eletrônicos para realizar operações que, há não muito tempo, eram feitas através do atendimento por uma pessoa.
O mundo em que vivemos é, antes de tudo, um conjunto de muitos mundos convivendo. Então, quando escrevo, no parágrafo acima, “de uma hora para outra”, isso se refere a um desses mundos. Ao dessas pessoas às quais me referia, que não tiveram acesso ao que para nós, que agora nos comunicamos, já faz parte do corriqueiro.
Onde esse "para nós", no qual me inclui, também pode ser subdividido. Pois, se para algumas pessoas esse já é o seu mundo de nascimento, para mim, é o que tenho de ir aprendendo diariamente. Felizmente, com a oportunidade de acesso a meios para esse aprendizado.
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Nossa rápida caminhada até o Mundo de Hoje.


Alguém ainda tem alguma dúvida de que nosso mundo está em um processo de mudança que se pode medir em uma aceleração de crescimento exponencial?
A todo o momento são criadas novidades tecnológicas, conceituais. O que consideramos novo hoje, amanhã, já é aquilo que serviu para dar origem ao projeto do que será criado depois de amanhã. Quando já não está superado amanhã, por outro “novo”.
Já estamos tão habituados a esse nosso mundo “mutante instantâneo”, que sequer percebemos que apenas cerca de 30 anos o mundo conseguia existir sem a internet, que a apenas uns trinta e poucos anos pôde-se ter computadores dentro de uma casa, PC`s, e não ocupando salas ou prédios inteiros, que a apenas a cerca de 60 anos existem televisores no planeta Terra (tem muita gente cheia de vida ainda com essa idade, não tem?),  e que meus avós consideravam um luxo ter um rádio em casa.
E quanto aos hábitos, costumes e valores? Também nesses setores as mudanças estão sendo profundas e em processo de aceleração contínua.
Temos hoje novas estruturas familiares, ou até mesmo nenhuma estrutura. E isso, apenas tomado um exemplo, dentre tantas outras possibilidades de temas, os quais não são mais necessariamente conceituados dentro de valores estáticos de bom ou ruim, útil ou inútil, saudável ou insalubre.
Como foi para essas últimas gerações, que sentiram em suas próprias vidas esse período último, que marcou a transição entre um mundo em fase de mudança em alta velocidade, para um mundo em mudança com aceleração contínua e crescente?
Tenho ouvido muitos depoimentos sobre o mundo já passado, desde a minha infância, vivido as minhas próprias experiências, sentido e analisado essas transformações, e continuo a acompanhar o que se desenrola dia a dia nesse nosso planeta, informação potencialmente acessível a todos, devido exatamente às transformações do planeta. Acompanho até mesmo o que se prevê para o futuro, devido às possibilidades do que já temos em nosso mundo.
Esse grande salto do qual estou sendo testemunha ocular é algo que me causa um grande fascínio e me faz sentir honrada, pela possibilidade de fazer essa ligação entre um passado ainda recente e um futuro bastante próximo, mas que poderão apresentar tantas diferenças entre si que talvez não fossem capazes de se reconhecerem como representantes do ser-humano distanciados por apenas 50, 60, 70 anos.
Tempo suficiente para a expectativa de vida de apenas uma pessoa, em algumas sociedades nos dias de hoje.
Estou aceitando meu auto-desafio de tentar fazer um panorama desse cenário de mudanças, visto do ponto de vista da pessoa comum. Ou, “dessa” pessoa comum que lhes escreve.
Pretendo escrever uma série de textos sobre o assunto, que chamarei de: Nossa rápida caminhada até e o Mundo de Hoje.
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Eu me recuso a não participar disso!
Eu! Uma pessoa que, por covardia, incompetência ou opção mesmo, decidiu não participar da “corrida pelo ouro”, do convencional, da segurança, do emprego público, daquele que for possível, ao preço que for cobrado, da saúde, da união familiar, do amor... Em nome do próprio bem estar!!!
Que decidiu que dinheiro, posição social, carreira, reconhecimento, estabilidade não compensam noites bem dormidas, sorrisos dados com sinceridade, abraços sem pressa, boa saúde, consciência limpa e muito mais tempo para o que realmente é importante: o amor de quem amamos e dos que nos amam.
Que resolveu não jogar no arquivo eterno os sonhos loucos dos dezesseis, mas sim trazê-los de volta à tona. Mesmo que não para executá-los em pessoa, mas para vê-los acontecerem, e sentir-se parte deles, mesmo que seja pelo fato de ter pensado que eles podiam ter sido feitos.
Sonhar em salvar o mundo com idéias belas e absurdas. Plantar jardins sobre as casas (eu juro que pensava isso na adolescência, e faria agora, se tivesse condições), guardar toda a água da chuva que fosse possível, poder viajar se teletransportando (alguém ainda vai fazer isso nas próximas gerações!)
Me recuso a não participar do que está acontecendo, dessas mudanças muito rápidas, dessas coisas que para mim são muito difíceis. De computadores, de tecnologias de eletrônica (sempre foi meu ponto fraquíssimo).
Mesmo que seja de modo capenga. Ignorante mesmo. Já há algum tempo perdi a vergonha de não saber, o pior é continuar sendo ignorante, é se aceitar assim, e desistir. Sei que sou muito boa em outras coisas e que, provavelmente, não vou me tornar uma expert em nada que não me cause uma paixão extrema. Mas se causar....Quem sabe?
Quero meus filhos com uma vida segura e “encaminhada”. Mas, devo confessar, que quero muito mais.
Quero que sejam felizes!
Quero que eles vivam bem, fazendo coisas de que gostem, que lhes dêem prazer. Coisas que possam fazer com paixão!
Sem que precisem encaixotar suas emoções para sobreviverem em mundo de convencionalismos, artificial e frio.
Eu os quero vivendo, e vivendo bem suas vidas, da maneira que lhes fizer mais vivos.
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Ontem alguém me disse que sou pão-duro, pois falei que meu celular é velhinho e não tinha entrada para fone. Me disse rindo, joga fora e compra outro, e respondi que achava que o meu fazia tudo o que eu precisava que ele fizesse, despertava, chamava, recebia chamada, mandava e recebia mensagem. Tinha coisas que eu nunca tinha mexido tais como uns joguinhos que eu nem sabia o que eram.
Hoje, lendo uma reportagem já antiga e sentindo meu freqüente entusiasmo com coisas que me parecem inatingíveis mas extremamente estimulantes e eu diria “desejáveis” acho que formei uma idéia desse meu modo de ser que eu chamo ESTRANHO.
A meu ver parece que o que move as pessoas a quererem ter as coisas (e acho que isso acaba de alguma forma se refletindo no fazer, participar, realizar) é, além de sua utilidade imediata, também suas possibilidades extras de utilidade (jogos, funcionalidades), nem que seja para saber que elas estão a disposição e nunca serão usadas, a estética do objeto, e o efeito que a sua posse ou uso vai causar sobre a opinião das demais pessoas.
Quanto a mim, não deixo de participar desse mundo vaidoso, quando penso em ter roupas, por exemplo, quero que elas me deixem bonita e que isso me traga vantagens sobre a opinião dos outros. Também quero admiração e aprovação.
Porém, em alguns assuntos o que realmente me estimula são aspectos muito diferentes do que costuma ser importante para as demais pessoas.
A reportagem que estava lendo a pouco, tratava de um israelense que tem o “modesto” projeto de fazer com que o mundo todo use carros elétricos, e o método pensado para que isso ocorra seria “dar” aos motoristas os carros elétricos :"Você vai ganhar um carro elétrico".
Parece absurdo, mas confesso que sou uma admiradora de pessoas que se propõem a coisas aparentemente pretensiosas demais, mas que mesmo que acabem não resultando na idéia inicial, sempre resultam em algo, porque essas pessoas não se deixaram intimidar pelo julgamento publico. Encontramos mais traços desse tipo de pessoa discutidos de forma muito legal em "O Problema de Ser Diferente".
Dentre essas pessoas acho que estão o cara que meteu na cabeça que tinha de escalar uma montanha muito difícil, Madre Teresa de Calcutá , Chico Xavier, Eistein e outros que não temeram o obstáculo da opinião alheia. Meus aplausos! Até aos desconhecidos pela fama.
Essa reportagem tratava de um assunto que já há no mínimo uns dez anos eu observo e diria que “ambiciono” o produto. Já nas primeiras vezes em que ouvi falar em carros elétricos, e eles eram imensamente caros para sequer rondar os meus sonhos, pensei que um dia gostaria de ter um, nem que fosse uma velhinha quase morrendo. Mas, já naqueles dias, achava que a tecnologia não me faria ficar muito à espera, talvez as minhas possibilidades, mas não a tecnologia.
E o que me estimula nesse bem de consumo? Isso é o que fiquei me perguntando hoje, quando comparei minha indiferença com os objetos de desejo das pessoas em geral, e os que eu costumo ter em mente.
Deixando de fora questão óbvia de ter um carro, de ele ser novo e provavelmente bonito, o que me estimula é a idéia, a inovação e todas as conseqüências que dela são derivadas. Ou seja, a geração de energia a partir de uma fonte, até que se prove o contrário, limpa; o rendimento que é possível obter dessa energia, sem perda e até com ganhos no desempenho do veículo, segundo os entendidos nesse assunto. Ainda, aumentando a abrangência, todas as conseqüências que o uso de veículos movidos com esse tipo de energia trariam não somente para o ambiente, mas, como diz o entrevistado e eu não tinha noção disso, para a economia e política mundial.
Pode parecer um motivo muito louco para desejar um produto,e não seria somente para o carro elétrico usado como exemplo, esses são os valores que me deixam realmente mais do que entusiasmada em “querer” alguma coisa.
Como poderia nomeá-los? Além de utilidade ou funcionalidade, a racionalidade, inteligência, criatividade, e algo que chamaria de “tentativa de integração com o todo” que se podem encontrar nas mais diversas coisas.
Creio que esse é um valor que nunca deveríamos ter perdido de vista, a noção do conjunto, apesar de freqüentemente ser útil para a ciência e muitas vezes a melhor maneira para se realizar certas coisas em nosso mundo tecnológico complexo, sempre se deve voltar atrás para enxergar o que as interferências nas partes podem estar fazendo ao conjunto.
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Coisas que acho que só eu mesmo consigo fazer!
Ontem, resolvi fazer uma espécie de faxina nesse blog, nada demais, tirar uns excessos, colocar umas coisinhas em uns lugares melhores. Pouca coisa mesmo.
Acreditam que, não sei de que maneira, exclui a minha primeira postagem???!!!!
Coisas que acontecem nessa minha vida um tanto desastrada, e a qual às vezes até eu me surpreendo que tenha dado certo.
Pois está aí minha fórmula: deixei de me incomodar com o que parece dar errado, e passei a tentar usar isso em meu benefício.
Aprendi a rir muito de mim mesma, me divertir de verdade com meus próprios desastres e mentalmente me dizer: "como é que se cria uma coisa dessas?" Mas posso responder a seguir: "Se cria, e está indo melhor que o previsto para as condições iniciais"
Tenho muito o que comemorar se pensar dessa maneira, e como diz um provérbio bonitinho que gosto de repetir para algumas pessoas:
"Se a vida só lhe deu limões, faça com eles uma limonada"
Relaxe e se refresque!

Aí vai o que consegui salvar do meu primeiro post, bom para recordar minhas intenções, e é a minha "limonada" depois de desastradamente o ter perdido.



"BLOGANDO

Afinal o que eu quero com um Blog ?
É o que tenho me perguntado há alguns dias. Na verdade, há alguns dias, cheguei à conclusão que a minha inquietação cada vez maior, não se devia à solidão amorosa como pensei a princípio, mas a um outro tipo de solidão, a solidão de pessoas, de mundo. Explico: minha cabeça se recusa a parar de ter idéias o tempo todo, penso coisas idiotas e também possivelmente inteligentes sobre tudo o que me cerca. Isso, quando “estou” participante do mundo que me cerca, pois também sou capaz de ficar horas dissecando uma idéia e perder praticamente tudo o que ocorre ao meu redor. Isso faz com que tenha vontade de discutir todas essas besteiras ou idéias (vários fatores afetam essa classificação, mas esse é um outro assunto) com alguém. Com pessoas que também queiram conversar sobre o que pensam, sobre qualquer assunto, sem preconceitos e regras absurdas, saibam entender e respeitar as limitações dos outros assim como estar dispostas a colaborar em seu crescimento. UAUUUU!!!! Pessoas MA-RA-VI-LHO-SAS!!!!!!!VOCÊ VOCÊ VOCÊ VOCÊ. Quero então, compartilhar o que penso, e, principalmente, xeretar o que você tem aí dentro da sua cabeça. Esse blog se destina a uma troca de informações sobre nossas vidas, EU! E VOCÊ. Para que possamos curar a velha inquietação das pessoas em saber sobre as outras. Claro, que é muito melhor assim, de maneira amigável e espontânea. Eu convido a todos para nos encontrarmos em
EU! E VOCÊ?"
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Quem somente olha e permanece assim por anos, pensa “sopa de legumes”, talvez até saborosa, um tanto sem graça, mas suave e substanciosa.
Que nada, tenho sal e pimenta! Raivosa, desorganizada, teimosa, paranóica, medrosa, sarcástica, doce, azeda...Um “sarapatel” bem apimentado e confuso, com toda a mistura e contradição que o mundo (não) me dá o direito.
Mas o que fazer? Dessa maneira existo, ao menos tenho alma!
Aquela alma que um dia tiveram aqueles que desistiram do tempero, do errado, lambuzado, caramelado e passaram a ser uma “canjinha de galinha” branca e sem gosto, que só serve para quem tem dor de barriga.
ECA! Fico com a dor de barriga!
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EDUCAÇÃO - PARTE III

Educação, Cultura, Inteligência. Qual o significado dessas palavras quando às utilizamos para caracterizar pessoas?
O tema cultura me foi trazido ao pensamento pelo texto da Julia Rodrigues, citado pelo Alessandro Martins em Qual o significado profundo de cultura?
Estou à procura de uma nova escola para minha filha. Sinceramente, acredito ser uma tarefa a qual não havia ainda percebido a imensa responsabilidade envolvida.
Talvez fosse inconsciência minha, ou falta de experiência mesmo, mas para as primeiras séries apenas me preocupava que ela fosse corretamente alfabetizada em um ambiente saudável. Deve ter sido minha posterior experiência como docente que me ampliou a consciência sobre essa responsabilidade.
O que quero de uma escola para a minha filha?
E o que ela precisa em uma escola?
Quero para ela em uma escola um local que lhe dê condições mínimas de desenvolver suas potencialidades pessoais de inteligência e cultura para que ela se torne uma pessoa realmente EDUCADA.
Uma instituição que a conduza, não a dirija, lhe dê meios e apoio ao máximo para que ela possa utilizar o seus tipos particulares de inteligência para se apropriar de conhecimentos que lhe sejam prazerosos, mas também aqueles que ela simplesmente vai ter de aceitar como parte do que tem de aprender. Pois esse também é um dos fatores da aprendizagem: nunca poderemos ter somente aquilo de que gostamos, e saber conviver com isso faz parte de amadurecer.
Mas principalmente, um local que a estimule a cultivar (usando um termo colhido do texto citado) aquilo que ela é como ser humano, seus dons pessoais e capacidades, não importando que eles sejam mais voltados para artes, ciências, esportes, música...mas sem abandonar o todo em benefício de caminhos que levam apenas à formação de conhecimentos isolados uns dos outros, esquecidos que nosso mundo é um só.
Desenvolvemos um mundo de compartimentos de idéias, onde um ser não pode se atrever a invadir a área do outro, porque não teve chances para se cultivar em outros assuntos (não foi estimulado,ou não o quis).
Existe uma confusão de terminologias, onde, muitas pessoas consideradas cultas, são apenas extremamente inteligentes ,o que pode ajudar muito em se obter cultura mas não é a cultura ou muito instruídas em alguma ou algumas coisas ou ainda muito carregadas de informações.
Acredito que essa super-especificidade, formando pessoas instruídas muito profundamente, mas "só" naquilo (lembrar: "ninguém entende letra de médico", isso significa que saber escrever bem não é importante para eles?)e a valorização da carga de informação que se possa armazenar (e não do uso que se poderia fazer de pouca, mas boa e bem aproveitada), podem ter por efeito matar a cultura.
Assim como uma planta muito forte e bela que se desenvolve plena e satisfaz muito seu jardineiro, que talvez nem venha a perceber que essa bela flor acabou por sufocar todas as demais plantas do jardim com sua excessiva necessidade de maiores cuidados, espaços e tudo mais dentro do jardim.
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“A alegria é o fogo que mantém aquecido o nosso objetivo, e acesa a nossa inteligência”. (Helen Keller)
Demorei muito a poder aplicar o que diz essa frase, retirada de Frases e Pensamentos, e confesso que não é fácil manter essa disposição, mas é a melhor resolução que já tomei na vida, viver com alegria.
Porém, ultimamente estou percebendo que essa alegria está rendendo mais frutos que o esperado. “Aquecer o objetivo e acender a inteligência”, resultou em mim uma imensa energia de transformação e coragem, que estão me levando a fazer mudanças bastante interessantes em minha vida. E, de uma maneira cíclica, isso é divertido, produzindo mais alegria e mais energia criadora.
As mudanças não são nada de notável, mas são importantes para me estimular a crescer, em diversos sentidos, e estão me tornando uma pessoa mais feliz. Feliz apenas por existir.
Uma das iniciativas da minha “alegria”, foi a publicação desse blog. Onde faço algo de que sempre gostei, escrever, sem levar em conta se o faço bem ou não, pois, isso é o tipo de coisa que faz com que as pessoas se encolham para sempre em casulos de medo e tristeza, sem capacidade para enfrentar a intimidação que causa nosso mundo de “excelências”.
Já havia escrito antes que meu objetivo era apenas tentar me comunicar com as pessoas, expor coisas que penso sobre os mais diversos assuntos e contar histórias que considero interessantes sobre a minha vida e a de outras pessoas. E procurar ter alguma contrapartida.
Está sendo uma experiência interessante, pois aprendi muitas coisas. Coisas que nem achava que seriam necessárias, como algumas noções simplíssimas de HTML (não tinha a menor idéia do que era isso!). E estou fazendo isso com muita alegria, me divertindo mesmo.
Mas principalmente, aprendi que sou uma escritora à moda antiga, que meus contos de 5, 6, 10 páginas não se adéquam a esse tipo de sistema, onde me esforço para escrever pouco. Aprendi, com esforço, e ainda com poucos resultados, a tornar a minha escrita mais simples. Escrevo bem da maneira como falo, procurando colocar as entonações, as ênfases que a linguagem falada permite. Isso faz com que tenha uma escrita difícil de ser lida, acredito. Mas, minha justificativa, é que quero ser muito exata naquilo que estou querendo passar, tanto à pessoa com à qual falo, quanto para quem escrevo.
Sem enrolar mais, o resultado: estou escrevendo muito mais!
Mas estou escrevendo aquilo que me é natural, da maneira que me é natural. Escrevo ainda mais contos enormes, sem me preocupar em ser mais sucinta (estou dando uma amostra disso agora); voltei a escrever algo que um dia pretende ser um livro, algumas poesias...
O blog me estimulou a isso, mas infelizmente, não está sobrando muito espaço para escrever para ele. Textos que lhe sejam adequados conforme a idéia inicial e também mais simples e curtos.
Bem, não é algo para me preocupar, pois quando houver algo para ser dito aqui, certamente direi. E estarei fazendo isso com muita alegria e prazer.
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A começar pelo título desse texto, muitos fatos que pretendem ser tidos como “comunicação”, só nos levam á dúvida, ou ao mais comum e pior: às interpretações múltiplas e pessoais, quase sempre errôneas. O que geralmente pode se transformar em grandes problemas em diversos tipos de relacionamentos interpessoais, desde o amoroso até o de trabalho.
Por favor, não usem a “interpretação” para supor que estou tentando falar mal ou contra a indispensável e sublime “comunicação” ou à muito valorosa ‘interpretação pessoal”.
O a que tento me referir é sobre os problemas que podem ser ocasionados quando se tenta dizer “A” , e o ouvinte entende “B”.
E isso, quase sempre, não se deve a variados graus de surdez, ou uso de dialetos ou línguas estrangeiras ou mesmo por alguma espécie de “maldade” por parte de quem recebe a informação; não que essa última opção possa ser descartada, mas não acredito que ocorra com tanta freqüência quanto se acredita.
O que penso acontecer, é que cada pessoa é única (isso não é novidade). Seu cérebro é único, sua cultura pessoal é única, e até mesmo sua fisiologia e metabolismo são únicos. E todos esses fatores, e certamente muitos outros, atuam no momento em que o indivíduo recebe a mensagem e a processa, resultando em um “entendimento” desta que acaba sendo pessoal.
Se pudéssemos ter isso em mente, que nem sempre entendemos corretamente o que foi tentado comunicar, juntando isso à boa vontade e espírito de auto-crítica, certamente teríamos vidas sociais melhores. Melhores ambientes de trabalho, pois não ficaríamos “supondo” o que essa ou aquela pessoa disse ou fez. E melhores relacionamentos amorosos, pois sempre lembraríamos que nosso par, por ser outra pessoa, se expressa de maneira bastante diversa da nossa. Desfazer mal-entendidos seria algo mais leve e sem traumas, natural, pois se são duas pessoas, são duas falas e não uma.
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EDUCAÇÃO-PARTE II

Ansiedade!
Era isso o que estava me causando a representação teatral daquela noite.
Para fugir dessa emoção venenosa, abri uma segunda página no meu computador mental e comecei a pensar em outra coisa.
- Que iniciativa maravilhosa essa! Quem teria pensado em criar um projeto em que os alunos do ensino médio das escolas públicas seriam convidados a fazerem apresentações dos livros sugeridos da listagem do PEIES?
Pena que os maiores interessados, os alunos, pouco aproveitassem a oportunidade de entrada franca no Teatro Municipal.
Melhor pra mim, que sempre acabo convidada para esse tipo de evento e posso escolher o melhor lugar, seja para ouvir uma orquestra, assistir uma apresentação de dança, teatro, ou, como esse dia, de livre escolha, desde que representando uma obra literária.
Foram apresentadas mímicas, declamações, reinterpretações teatrais, representações teatrais e até mesmo uma montagem fotográfica em um estilo cinema-mudo, com os devidos efeitos de figurino e envelhecimento de filme.
A verdade é que lamento mesmo, pois sei que alguns desses jovens que deixaram de ir ao teatro verem seus colegas “pagarem mico”, talvez tenham perdido a única chance que terão na vida de entrarem no prédio do teatro como espectadores
Muitos destes conseguirão perceber que os colegas pagadores de mico estavam, ao menos, tentando algo melhor para si através da educação, quando o futuro decidir-se a lhes mostrar isso. Outros talvez não cheguem sequer a ter a oportunidade dessa percepção.
Mas a minha ansiedade ainda estava lá.
A atriz, amadora e entusiasmada, repetia o irritante “tlec, tlec, tlec” de discagem do telefone, e novamente a voz da secretária eletrônica da representação repetia:
- Alô, aqui é a Luciana, não posso atender no momento, após o sinal deixe seu recado.
Era mais ou menos isso.
E novamente, a coitada da mulher que falava com a secretária eletrônica da amante do marido, despejava insultos e uma lista de defeitos e maus hábitos daquele com quem era casada há vinte anos. Ela já havia feito isso umas dez vezes!
Depois de toda essa repetição, abri uma terceira página no meu computador mental (a segunda continuou a lamentar a falta de oportunidades de educação de boa parte da juventude brasileira) e comecei a imaginar como terminaria essa sucessão de xingamentos e contabilização de defeitos.
A triste mulher magoada começava a dar mostras de cansaço, e de percepção do significado de suas próprias palavras.
Terminei de compor o meu final imaginário, e fiquei esperando.
Mais um telefonema, mais um defeito exposto à amante do marido. A voz completamente vencida e desiludida e... Terminou!
Perdão ao autor Luiz Ruffato, do interessantíssimo “Eles eram muitos Cavalos”, tema da representação, mas fiquei me sentindo quase lesada.
Percebi mais tarde que, talvez como nenhuma outra pessoa na platéia, compartilhei do mesmo tipo de frustração e impotência da mulher enganada. Nenhuma de nós podia fazer NADA que alterasse nossas situações. Ela, de esposa traída, eu, de ter de aceitar que a vida é realmente uma coisa “crua”, sem romantismos ou finais semi-heróicos (como o que eu havia imaginado).
Vou ter de guardar meu final imaginário para mim mesma. Não tinha nada de especial mesmo.
Mas eu me diverti em criá-lo!
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Onde foi parar o cara? Eu juro que não o imaginei!

Cansei cara!
Se existe o tal troféu de “a maior teimosa do mundo”, que eu andei ambicionando, não quero mais ter a menor notícia de tal objeto, ao menos quando relacionado a esse assunto: O TAL CARA.
Eu hein? Andei correndo atrás de um cara, primeiro com as piores intenções possíveis (coisa que eu nunca vi um homem heterossexual reclamar), fazendo o possível para me adaptar e passar por cima de toda a minha criação conservadora e retrógrada para libertar a mulher que eu achava que eu merecia ser, para esse cara que eu achava merecer esse produto a ser desenvolvido.
E ele me deu o maior apoio, no início, foi legal, compreensivo, paciente e invasivo na medida que eu precisava. Imaginei que tinha achado um caso raro de homem contendo doses bastante boas de inteligência e sensibilidade. Não que tivesse a sensibilidade de algum artista, porque bem que precisamos do “ogro” dentro deles de vez em quando para equilibrar nossas muitas “frescuras”.
Mas com “ogro”, não quero dizer completo afastamento e perda de foco no que é ter uma mulher ao lado, e não um cavalo, um centro-avante (como se eu soubesse o que é isso), ou um concorrente nos negócios.
Ninguém é perfeito, nem ele, claro, mas se saía surpreendentemente bem para alguém que mal me conhecia e era evidentemente de uma realidade muito diferente da minha.
E o sexo.... Hummmm.... Sensasional!!!!!!
Vou ter de deixar de lado a menininha de família, que teima em morar em mim e me censurar o tempo todo, para dizer que talvez tenha sido esse o principal fator de tanta insistência.
Até mesmo quando o cara simplesmente parece ter sido abduzido por extraterrestres e trocado por um robô monossilábico e sem graça, e o que é pior, sem a menor consideração pelos sentimentos dos outros (no que estou me dando o direito de seguir o mesmo padrão aqui, depois de aprender com várias “ogruras” descabidas), eu ainda insisti um pouco, talvez guiada pelo que minha vovó chamaria de “luxúria”, mas no fundo com a boba esperança de que ele estivesse “passando por um período difícil”.
Como último recurso, desisti do sexo, e tentei reconquistar o amigo (vai que eu o tivesse ferido de alguma maneira com esse meu jeitinho sutil). Pedi desculpas por qualquer mal-entendido, e propus um recomeço na base da mais simples amizade (e juro que ia me esforçar para cumprir).
Não deu resultado. Os extraterrestres não desfizeram a troca. Então, agora tenho de dar o meu teimoso braço à torcer e aceitar a perda do que considerei uma jóia rara, mas que aparentemente, sequer existia. Já há algumas semanas não tenho notícias dele.
Desisti! Saí fora! Ainda dizem que nós mulheres somos as complicadas!
Que pena! Tomara que as garotas extraterrenas saibam tirar bom proveito da sorte que tiveram com esse ser que abduziram.
Quanto a mim, vou ter de me acostumar com a idéia de que, tava bom demais para ser verdade, ou para ter durabilidade.
Bye, Bye meu OGRO!!

P.S.
Achei que esse era o fim da história, quando escrevi isso há umas semanas atrás.
Mas, para minha surpresa, reapareceu. Deu pequenos sinais de querer alguma comunicação e pôde contar com a curiosidade feminina para ajudar nesse sentido.
Retornou de mansinho, como se nada houvesse acontecido ou tivesse sofrido uma amnésia (conta outra!). Mas era o meu OGRO novamente! Tal como antes, com as qualidades e defeitos que o fazem único e, de alguma maneira que não entendo, especial para mim.


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EU! Flutuando. E VOCÊ?
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O trio sentado a quatro ou cinco mesas de distância da minha mesa na pizzaria, me deixava intrigada, e com a imaginação voando à solta.
Ele, jovem, bonito visivelmente tenso. Falante demais para o hábito da maioria dos homens. Tinha o braço passado sobre a que chamarei Ela 1, falando com ela o tempo todo, dessa maneira tensa,visivelmente insistente em agradar.
Ela número 1 parecia igualmente desconfortável, sem saber muito bem o que fazer com as mãos, sorrindo sem motivo olhando em torno com olhar um tanto medroso e passando a mão nos cabelos longos.
Sentada em frente a Ele, Ela 2 parecia ser a menos tensa, apenas um pouco confusa, mas os gestos eram mais lentos, não falava e nem gesticulava tanto quanto seus dois companheiros de mesa.
Minha conclusão sobre a situação poderia ser quase clara, não fosse por apenas um detalhe. Detalhe que minha amiga comentou assim que cheguei ao final da minha inconclusão sobre o assunto, e consequente extrema curiosidade.
Também a minha amiga percebera o trio que eu vinha observando, e estava lutando com as mesmas suposições e perguntas sem respostas muito coerentes.
Ocorre que Ela 1 aparentava ter cerca de 40-50 anos. Lembrando que Ela 1 era a que o jovem nervoso abraçava e procurava agradar, e que parecia também bastante tensa.
Como disse a minha amiga, e eu concordo, nada de estranho. Um jovem e sua bonita namorada mais velha saindo para jantar pela primeira vez com a mãe dele.
Qualquer que fossem as idades, a tensão podia ser facilmente justificável pelo comentado zelo materno frente às escolhas femininas de seus filhinhos homens. Assim como ocorre com pais e suas filhas.
Porém, minha amiga e eu, agora duas bisbilhoteiras declaradas, não conseguíamos situar Ela 2 em nosso roteiro feito às pressas. Ela2 era uma bela garota que aparentava igual ou menor idade que o rapaz que sentava em sua frente.
A mãe dele é que ela não era!!!!
Bem, saímos da pizzaria com essa frustração em nossa carreira de bisbilhotices, pois não conseguimos nenhuma outra evidência da relação existente entre aqueles três.
-Seria Ela 2 a namorada, e a mãe estava sendo tratada com especial carinho por ser seu aniversário, ou algo assim?
-Seria Ela n 2 a irmã do rapaz? Tão exigente a ponto de, semelhante ao que seria com uma mãe, também causar tensão?
-Seria Ela 2 a filha de Ela 1?
Sem conclusões!
Só podemos dizer que observar a vida dos outros sempre foi e sempre será um esporte de ampla preferência do ser humano. E fico imaginando em que situações já tive minha vida observada assim causando a outros o prazer de bisbilhotar.


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Desisti de viver como se a vida fosse apenas uma obrigação desagradável.
Não vejo mais em mim a procrastinação, pois se ela existe, é porque na verdade, não surgiu ainda o momento correto para realizar aquela tarefa específica.
Sei que é uma boa maneira de conseguir a justificativa perfeita, mas percebi que, se usarmos do máximo de honestidade conosco mesmos, pode dar muitos bons resultados. Inclusive na qualidade da tarefa a ser realizada, por ser feita em um momento mais apropriado, e não com o pensamento que precisamos “nos livrar” dela.
No entanto, achei magnífica e muito significativa a frase escrita pelo Alessandro, em Sobre as Vantagens de ser Mortal e a Procrastinação
“Os gestos humanos, por serem tão fugidios e irrecuperáveis na linha do tempo, são desse modo preciosos, irrecuperáveis, únicos.”

Pois, realmente acredito nesse valor. No valor de cada momento de nossa vida, e que ela deve ser bem vivida, seja para estar realizando uma tarefa de alta relevância, seja para não estar fazendo absolutamente nada.
Adotei isso para minha vida depois que fiz uma série de ajustes. Ajustes como: só tentar realizar aquilo que eu realmente me achasse capaz, e que não estivesse muito contrário às minhas tendências naturais, e para isso, diminuir o número de deveres e aumentar o número de prazeres não pagos.
Fiz descobertas importantes com isso. Descobri que a perda de recursos monetários que me permitiam o acesso a prazeres mais caros, que, porém, eu não poderia desfrutar devido às inúmeras preocupações com as mais diversas obrigações, pode ser largamente compensada pela troca das necessidades que antes me moviam, ou por uma melhor visualização daquelas realmente necessárias e prazerosas.
Afinal, as estrelas e seu lindo espetáculo, estão disponíveis gratuitamente ao público, e mais acesso tem à elas aqueles que tem tempo para observá-las e a cabeça leve de preocupações para poder erguê-la em direção ao seu brilho.
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EDUCAÇÃO-PARTE I

Convenções, regras, leis, coisas que “engessam” parecem-me serem feitas para tornar justo, regular, controlar diversos tipos de evento sociais. No entanto, acabam freqüentemente por acentuar desigualdades e causar ainda mais injustiças e favorecimentos.
Penso assim, particularmente, sobre os métodos tradicionais de avaliação escolar, e como conseqüência, os sistemas utilizados para o acesso ao ensino superior.
Pessoalmente, deveria sentir-me grata ao sistema existente, pois creio ter sido causador de boa parte do meu sucesso escolar bastante acima da média, seguido de uma ótima colocação em vestibular público aos 17 anos de idade. A universidade pública era minha única opção, pois não poderia pagar uma faculdade privada, mesmo o curso pré-vestibular, foram apenas duas disciplinas durante um único semestre.
Depois de tudo isso que parece ser somente para fazer uma vitrine à minha vaidade (não vou mentir que não é, pois quem não ficaria orgulhoso de seus acertos?), quero explicar, que acredito que o sistema tradicional beneficia pessoas com características de aprendizado semelhantes às minhas.
Boa memória, inteligência razoável (nada de especial), habilidade para moldar-se à sistemas de aprendizado que chamo de “por repetição”, e por um determinado nível de associação (não muito profundo) com uma idéia ou equação modelo, com aplicação e desenvolvimento de conceitos simples.
Excelentes condições para serem utilizadas no treinamento de alunos aptos a responder testes!
Claro, que não somente isso se “aprende”, somos seres melhores que isso, e nem acredito que o sistema educacional vise esse resultado em seus alunos. Mas é o que acaba por acontecer.
Infelizmente, quando o assunto passa a ser competição, como em uma seleção de vaga para o ingresso ao ensino superior, os fatores aprendizado e educação, passam a ser apenas itens, que talvez possam vir como conseqüência do treinamento para a formação de pessoas aptas ao bom desempenho em testes.
Isso acentua as diferenças quando favorece aqueles que podem pagar as escolas mais capacitadas a treinar melhor as habilidades necessárias para passar nos testes, e não necessariamente educar. Privilegia os que podem pagar mais tempo de treinamento pré-vestibular.
Muitos, sem dúvida, são selecionados porque sabem realmente responder às questões das provas. Mas se esses fossem a maioria, porque a preocupação em decorar “macetes” de respostas? Músicas para memorização? Técnicas de relaxamento e diversas outras que não visam o que foi aprendido, mas o que foi treinado.
Talvez pensem que estou sendo muito cruel, mas depois de ouvir de muitos alunos perguntas como: “onde vai o x, professora?” , para realizar simples operações matemáticas de regra de 3 direta, após terem sido considerados aptos a resolvê-las através de diversas avaliações anteriores realizadas por outros professores, durante muitos anos (eu era somente a professora de química, lembram?), sinto que posso externar minha preocupação antiga.
Essa preocupação, felizmente, se extende a pessoas que têm mais visibilidade em suas opiniões, e não temem defendê-las vigorosamente, como pude verificar em A fábrica de alunos da Uniban. Espero que essas opiniões possam, algum dia, fazer alguma diferença.
Mas, o que penso ser mais triste, é a exclusão das demais habilidades apresentadas pelos alunos, desse sistema de seleção. A exclusão da criatividade, da imaginação, da criticidade.
Já tive alunos que não seriam jamais aprovados em concursos vestibulares, pois não se adequavam aos padrões “normais” de aprendizado e demonstração de aprendizado, mas que, estou certa, entenderam muito mais o que tentei lhes passar para que apreendessem, do que muitos dos que obtiveram bons resultados nas avaliações padrão (pois somos obrigados a avaliar e prestar conta do método, e isso não é nada fácil).
Isso sim é realmente discriminante, pois, mesmo entre aqueles que têm assegurada suas vagas, através dos recursos econômicos que possuam, têm de suprimir uma parte bastante grande daquilo que também é considerado “inteligência” (ver a Teoria das Inteligências Múltiplas), para cumprir o convencionalismo da seleção por critérios bastante estreitos de capacidade intelectual.

"As inteligências dormem. Inúteis são todas as tentativas de acordá-las por meio da força e das ameaças. As inteligências só entendem os argumentos do desejo: elas são ferramentas e brinquedos do desejo".
Rubens Alves, em Cenas da Vida.


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