ARTEMIS
Nossa rápida caminhada até o Mundo de Hoje - PARTE II

Ainda há pouco tempo, as pessoas morriam de doenças infantis, como o sarampo. Que atualmente, sequer tem espaço de respeito nas conversas de família ou amigos, tão pouco importante se tornou.
Atualmente as pessoas se preocupam com o mal de Alzheimer, que meus pais e avós não devem nunca ter ouvido falar. O mal de Alzheimer é uma patologia nova? Provavelmente não. Apenas tornou-se importante com o aumento da expectativa de vida da população como um todo, já que se trata de algo que se manifesta em idades mais avançadas.
E o sarampo? Por que foi esquecido? Porque nossa capacidade técnica e organizacional conseguiu desenvolver vacinas e distribuí-las a ponto de manter essa doença de origem viral e potencialmente letal sob controle.
Passou a ser, uma doença do passado. Dando espaço àquelas do futuro, como o Alzheimer, decorrente da nossa nova realidade. Ironicamente, decorrente da nossa melhor qualidade de vida, que permite maior longevidade da população.
Porém, o vírus causador do sarampo, só foi isolado em 1954 e sua vacina só foi desenvolvida em 1963. No Brasil, em 1980, apenas 30 anos atrás, o sarampo fazia parte de um grupo de doenças denominado imunopreviníveis. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 150.000 pessoas eram atingidas anualmente por esse grupo de doenças, e mais de 5.000 eram os óbitos. Em apenas 20 anos, através da manutenção do programa de vacinações, os casos passaram a pouco mais de 3.000 com apenas 277 óbitos.
O que se pode ver, é que, existe a possibilidade, de o jovem cientista de hoje, empenhado em procurar meios para o controle e a improvável cura do Mal de Alzheimer, para garantir a si e a seus descentes uma melhor qualidade de vida em suas vidas, agora potencialmente mais longevas, tenha sido poupado do perigo do sarampo e seus parceiros (pertencentes ao grupo citado), quando imunizado ainda criança, com aquela, então recente, vacina, na qual se depositavam votos de confiança para a saúde do futuro.
Por essa época, 1980, um pouco antes, um pouco depois, em minha infância e adolescência, costumava ouvir fatos reais sobre primos ou até mesmo irmãos de minha mãe que haviam morrido vitimados por sarampo ou outras doenças infantis, que já a mim não assustavam, apenas traziam a vaga esperança de ficar alguns dias sem ir à escola.
Atualmente, devo concentrar minha atenção é no Alzheimer, pois o que se teme atualmente é a diminuição da qualidade de vida, advinda do fato de nossa capacidade de podermos viver um período de tempo maior, porém sujeitos a doenças crônico-degenerativas, as quais não causam a morte em um primeiro momento, mas uma série de limitações.
Tratam-se das doenças da modernidade, com freqüência agravadas por alguns dos benefícios e confortos dos quais dispomos na atualidade. Tais como o conforto de se locomover de carro para longas e até mesmo curtíssimas distâncias, a disponibilidade ampla e excessivamente farta de alimentos, entre eles o prazer do açúcar. O grande arsenal de drogas lícitas (para o uso em benefício da saúde, mas também abusáveis) e ilícitas. Sem deixar de citar as drogas lícitas recreativas, talvez mais danosas que as ilícitas, tanto para a saúde do indivíduo como da sociedade.
Será que o seu filhinho ou netinho lá na pré-escola (ou já mudaram o nome outra vez?) já ouviu falar no sarampo? Ou aquele algumas séries mais velho, leu sobre isso na internet porque alguém falou?
Só se ele andou de papo com o seu avô, que deve ter contado a ele que teve o sarampo na infância, quando o bisneto (tatara?) veio lhe fazer uma entrevista para um trabalho de ciências que criou baseado em uma doença que sabe estar muito em alta entre os idosos: esse tal de Alzheimer.
- E o vô disse que nem sabia quem era esse cara!
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