ARTEMIS
Ontem alguém me disse que sou pão-duro, pois falei que meu celular é velhinho e não tinha entrada para fone. Me disse rindo, joga fora e compra outro, e respondi que achava que o meu fazia tudo o que eu precisava que ele fizesse, despertava, chamava, recebia chamada, mandava e recebia mensagem. Tinha coisas que eu nunca tinha mexido tais como uns joguinhos que eu nem sabia o que eram.
Hoje, lendo uma reportagem já antiga e sentindo meu freqüente entusiasmo com coisas que me parecem inatingíveis mas extremamente estimulantes e eu diria “desejáveis” acho que formei uma idéia desse meu modo de ser que eu chamo ESTRANHO.
A meu ver parece que o que move as pessoas a quererem ter as coisas (e acho que isso acaba de alguma forma se refletindo no fazer, participar, realizar) é, além de sua utilidade imediata, também suas possibilidades extras de utilidade (jogos, funcionalidades), nem que seja para saber que elas estão a disposição e nunca serão usadas, a estética do objeto, e o efeito que a sua posse ou uso vai causar sobre a opinião das demais pessoas.
Quanto a mim, não deixo de participar desse mundo vaidoso, quando penso em ter roupas, por exemplo, quero que elas me deixem bonita e que isso me traga vantagens sobre a opinião dos outros. Também quero admiração e aprovação.
Porém, em alguns assuntos o que realmente me estimula são aspectos muito diferentes do que costuma ser importante para as demais pessoas.
A reportagem que estava lendo a pouco, tratava de um israelense que tem o “modesto” projeto de fazer com que o mundo todo use carros elétricos, e o método pensado para que isso ocorra seria “dar” aos motoristas os carros elétricos :"Você vai ganhar um carro elétrico".
Parece absurdo, mas confesso que sou uma admiradora de pessoas que se propõem a coisas aparentemente pretensiosas demais, mas que mesmo que acabem não resultando na idéia inicial, sempre resultam em algo, porque essas pessoas não se deixaram intimidar pelo julgamento publico. Encontramos mais traços desse tipo de pessoa discutidos de forma muito legal em "O Problema de Ser Diferente".
Dentre essas pessoas acho que estão o cara que meteu na cabeça que tinha de escalar uma montanha muito difícil, Madre Teresa de Calcutá , Chico Xavier, Eistein e outros que não temeram o obstáculo da opinião alheia. Meus aplausos! Até aos desconhecidos pela fama.
Essa reportagem tratava de um assunto que já há no mínimo uns dez anos eu observo e diria que “ambiciono” o produto. Já nas primeiras vezes em que ouvi falar em carros elétricos, e eles eram imensamente caros para sequer rondar os meus sonhos, pensei que um dia gostaria de ter um, nem que fosse uma velhinha quase morrendo. Mas, já naqueles dias, achava que a tecnologia não me faria ficar muito à espera, talvez as minhas possibilidades, mas não a tecnologia.
E o que me estimula nesse bem de consumo? Isso é o que fiquei me perguntando hoje, quando comparei minha indiferença com os objetos de desejo das pessoas em geral, e os que eu costumo ter em mente.
Deixando de fora questão óbvia de ter um carro, de ele ser novo e provavelmente bonito, o que me estimula é a idéia, a inovação e todas as conseqüências que dela são derivadas. Ou seja, a geração de energia a partir de uma fonte, até que se prove o contrário, limpa; o rendimento que é possível obter dessa energia, sem perda e até com ganhos no desempenho do veículo, segundo os entendidos nesse assunto. Ainda, aumentando a abrangência, todas as conseqüências que o uso de veículos movidos com esse tipo de energia trariam não somente para o ambiente, mas, como diz o entrevistado e eu não tinha noção disso, para a economia e política mundial.
Pode parecer um motivo muito louco para desejar um produto,e não seria somente para o carro elétrico usado como exemplo, esses são os valores que me deixam realmente mais do que entusiasmada em “querer” alguma coisa.
Como poderia nomeá-los? Além de utilidade ou funcionalidade, a racionalidade, inteligência, criatividade, e algo que chamaria de “tentativa de integração com o todo” que se podem encontrar nas mais diversas coisas.
Creio que esse é um valor que nunca deveríamos ter perdido de vista, a noção do conjunto, apesar de freqüentemente ser útil para a ciência e muitas vezes a melhor maneira para se realizar certas coisas em nosso mundo tecnológico complexo, sempre se deve voltar atrás para enxergar o que as interferências nas partes podem estar fazendo ao conjunto.
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