ARTEMIS












Minha gata olhou a mariposa voando e queria degustar aquele petisco.
Quando ela veio sobrevoar meu café da manhã, dei-lhe um tapa e ela foi parar no chão
Ficou lá caminhando, como se não tivesse outra coisa para fazer e a cerâmica fria fosse muito interessante.
A gata continuou a olhar para o alto, ainda que eu lhe apontasse o chão, na esperança que ela comesse aquele ser que me era incoveniente. Mas ela rapidamente me fazia a vontade de "dona" e voltava a olhar para o alto, à procura do petisco voador. Não percebia que a refeição caminhava poucos metros a sua frente, despreocupada, em seu nível inferior de consciência, aparentemente ignorante das intenções felinas.
Fazemos a mesma coisa, focamos aquilo que desejamos, sequer enxergamos, ao longe, sem perceber a, frequentemente, generosa realidade caminhando a poucos metros dos nossos narizes insatisfeitos com a "vida cruel"
Queremos sempre o que ainda não temos. Quando o temos, já é necessário uma outra coisa.
Aspiramos pela felicidade. Mas, acreditamos precisar para complementá-la, de segurança, dinheiro, posses básicas e supérfluas em diversos níveis, mesmo que para isso tenhamos de ser um pouquinho menos felizes, realizando tarefas de que não gostamos, convivendo com pessoas e situações que não nos agradam. Aceitando para isso as exigências do stress e os excessos cometidos contra a saúde.
Ontem, escrevi sobre as solicitações que a vida nos faz para que reflitamos sobre certos assuntos. Comentei que podia estar forçando a situação a ser vista, procurando insistentemente as evidências, e assim as encontrando, pois as queria ver.
Eis a situação a que me referia!
Se a caça insensata da gata tivesse sido em horário posterior ao outro episódio do dia que me fez reuní-los sob a expressão "que coincidência!", poderia atribuir tudo à influência do segundo evento do dia.
Mas, a caça foi logo de manhã cedo, e, à noite, li sobre essas mesmas impressões que tive pela manhã, porém escritas de uma maneira muito mais clara e objetiva no texto Em busca da Estabilidade, do Dr. Alessandro Loiola.
Acho que dessa eu me safei de ter criado a situação, pois se tivesse lido o texto primeiro, sem dúvida enxergaria seus reflexos nas atitudes da gata, mas foi em ordem inversa...
O que devo pensar?
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