ARTEMIS

Nessa época do ano, de alardeados sentimentos de união, solidariedade, paz, fraternidade, podemos ver ainda mais a manifestação de sentimentos bastante opostos a esses entre as pessoas.
É uma época tensa, de milhares de preparativos, de férias, de viagens, de dinheiro extra (que logo vai embora), de compras, de gastos, de festas... Em resumo, de pressa e irritação. Onde, é bem mais freqüente as palavras ásperas e olhares duros e as expressões de impaciência entre os que tem de compartilhar, e algumas vezes competir, por lugares em filas e produtos em lojas do que os necessários sorrisos e gentilezas, que deveriam marcar essa época de festas familiares.
Nessa época, procuro utilizar mais intensamente uma atitude pela qual me decidi há algum tempo. Atitude que, infelizmente, costuma surpreender muita gente.
Uso o sorriso e a gentileza.
Por mais que me sinta cansada, que esteja irritada, que tenha sido mal atendida (o que na verdade pode não ocorrer, pois os atendentes de vários serviços estão é sobrecarregados demais para atenderem melhor), sorrio, agradeço e desejo um Feliz Natal e Ano Novo.
Essa decisão surgiu quando percebi que eu era muitas vezes uma vítima de escolha da grosseria de pessoas que, ou simplesmente tem esse tipo de natureza, ou tem a capacidade de detectar pessoas mais tímidas e descarregam sobre elas suas frustrações e problemas do dia.
Resolvi deixar de ficar apenas magoada e reagir. Porém, jamais conseguiria ter uma reação da mesma natureza, pois, como me tornar agressiva de uma hora para outra?
Então, passei a contra atacar com a gentileza.
Para uma senhora que me atendeu com a pior das más vontades, em um certo local, me dando o mínino de informações possíveis ao que eu precisava e somente quando solicitada, agradeci com um sorriso aberto e desejei um ótimo fim-de-semana para ela e a família. Nesse caso, a mulher pareceu despertar de um sonho, e piscando algumas vezes, surpresa, sorriu sem-graça e me desejou o mesmo, com visível sinceridade.
Gosto de agradecer em voz alta e sorriso aberto, desejando Feliz Natal para as caixas de supermercado, que levantam seus rostos extenuados e, com olhos brilhantes e sorrisos, retribuem o cumprimento. Vejo sempre que o que elas mais recebem são reclamações grosseiras de sua lentidão e incompetência, principalmente nessa época, em que todos vão ao supermercado ao mesmo tempo, e parece que as filas são culpa delas e não de nós consumidores, sempre atrasadinhos.
Obviamente, não é uma estratégia excelente, que funcione com todos, pois alguns são intrinsecamente grosseiros.
Mas, ainda assim, os resultados são bem melhores do que aqueles que eu esperava, pois a maioria das pessoas percebe que me recuso à agressão e respondo com a gentileza, e mudam sua atitude.
Acredito que o ser humano goste de ser gentil, se sente bem por isso. Não vou mentir que minha atitude não seja movida por motivos vaidosos. Claro que é! Sinto-me algo melhor que o interlocutor grosseiro.
Gosto de despertar esse sentimento nas outras pessoas também, fazê-las sentirem-se bem consigo mesmas.
Por esse motivo, peço indicações quando preciso, e costumam ser muito gentis e esforçados em assinalar como chegar a algum local, quando peço com gentileza. Peço sugestões a outras mães desconhecidas quando vou comprar roupas para meus filhos, e diversos outros tipos de pequenos auxílios que não causem transtornos à ninguém e que, faz com que, quem ajuda, sinta-se bem em poder ajudar e pela posição ligeiramente superior de conhecer algo que a pessoa que pede a orientação, ajuda, conselho, não sabe.
É uma maneira simpática e gentil de conseguir amigos, mesmo que nunca mais venhamos a reencontrá-los.
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